1. |
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Fundação Roberto Marinho Blues & Co.
O trópico influxo
Do novo mundo
A tribo na rua
Som e fúria
O choque na esquina
Você na situação
Nossa corporação
Transa de tudo
Das armas aos muros
Monólogo em grupo
Discurso à bancada
Histérico e turvo
De ode à bandeira
Em honra à procriação
Cercamento dos campos!
Defensivos agrícolas!
Morte aos gentios!
E a nossa prensa faz
Da pólis, família
Da vida, televisão
Da história, alquimia
Do golpe, revolução!
A nossa fundação
É o futuro
Teu sangue, teu chão
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2. |
Sobre O Amor E Pedras
05:14
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Sobre O Amor E Pedras
Ouvi, à sombra de uma cidade empedrada no coração,
O som da sorte, na boca sem dentes de um deus de pedra-sabão
Eu embarquei numa balsa de fundo falso
E acordei na restinga tonto e descalço
Do delta do Perequê
À fonte do Tietê
Eu desafinei a corda do cadafalso
Chamei o Coxo, no breu queimado da quebra do chapadão
Selei contrato, infinito que se adivinha na palma da mão
Eu me apaixonei na feira de Montes Claros
Uivando, e o corpo cheio de carrapatos
E quase morri de amor
Meu topázio furta-cor
Mas desencantei no banho de Santo Amaro
Línguas plutônicas no teu sorriso mudo
Orogenia dos meus desalmados rumos
Ó! Desaventurar os sertões em céu de anil
Eu troco essa turmalina por mais um trago
Virado em lugar nenhum
Vermelho de urucum
Prostrado na palafita esperando o rapto
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3. |
Maria³
05:00
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Maria³
Ela acordou com o som da BR-040
E desembestou a falar sobre os anos 90
E das cores que ela viu da janela
E da sombra que fugiu pelas pernas
E agora quer ser dela de novo
Deslizou sobre o taco, tonta e nua
E feito canteiro de obras debaixo da lua
Curte guardar uma arte que não conhecemos
Quer andar cantando mais e tuitando menos
Talvez dar no pé daqui mundo afora
Largar sombras por aí, mas agora
Deixa, que é bom sangrar de novo
Maria canta e perde o cerne da tristeza
Mas deixa uma preza pra não se perder de si mesma
Maria, faz vento demais
Raiz de três
Perde outra vez o sono
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4. |
Colunas
02:50
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Colunas
A terra fria de manhã
Conta, em prosa, como a noite aconteceu
Lá, dentro do tempo
Nas barricadas da mente
A gente se encontrou
Camaradas, o tempo enlouqueceu
Camaradas, não me digam que o sonho dissolveu
Camaradas, o espaço distorceu
Camaradas, não se grilem se o vermelho embranqueceu
Sobre as colunas de Havana
Quantos mares a gente enfrentou?
Com a chuva de maio
Essa utopia toda torta
O céu das multidões
Camaradas, o século encolheu
Camaradas, as ruas não cabem num museu
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5. |
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Itinerarium Extaticum In Temporalibus
Num plácido ralento
Eu viajei no tempo
Asa de marimbondo
Me voou por entre
As tontas teias do caminho
Um curto de hipóteses
E de asteroides
Potenciais acordes destrutivos
Um futuro em ramificações
O que faz valer o dia
Há de haver um coração aberto
Ao curso incerto do rio
Num córrego, vazante
Eu sigo sem instante
Giro de catavento
A ludibriar o tempo e seus espias
Um futuro em ramificações
O que faz valer o dia
Há de haver um coração alerta
Aos mistérios da energia
Há de haver um coração aberto
Ao curso incerto do rio
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6. |
Primeira Terra
00:27
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7. |
Sinédoque, Mulher
06:02
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Sinédoque, mulher
Em ti, guerras civis
Lancinantes, frias
Sem dor, passas por mim
Toda alegoria
E deusas de patins
Flamejando a pista
Das Malditas sem fim
‘Té romper o dia
E o mundo se abrir
Livre de pavões e quimeras
Livre de dons
E de todas as máquinas
Que eu não ligo
Mas eu não ligo mais
Eu só ligo você
Deixa o sol ruir
Ser é só vir a se tornar
Livre do cerco da história
Livre do circo do lar
Livre da farsa dessa metonímia
Que não te liga
Mas eu não ligo mais
Eu só ligo você
Mulheres evanescentes
Num furor do Sol
Sonho de Bréton
Fêmeas de cristal
Falso pedestal
Sinédoque inconsciente
A te alienar
O teu sexo e só
Não vai mais colar
Hora de acordar
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8. |
Ipupiara
04:02
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Ipupiara
Ipupiara
Traz grão medo a toda gente
Há tempos se mostrara
Na vila de São Vicente
E os índios da terra só de o mirarem morrem de pavor
Metade monstro, metade sereia
É o Ipupiara
Vamos sair do rio
Demo encarnado para o velho jesuíta
Monstro marinho para Gândavo, o humanista
Trópica fauna para quem vê bem de perto
Pelo labirinto desses desencontros narrativos
Mas seus olhos deixam ver a dor, eu sei
Metade homem, metade baleia
É o Ipupiara
Vamos sair do rio
Algum monstro sempre houve que põe a tribo toda de pé
Não é o Ipupiara, é bicho homem de grossa fé
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9. |
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Espectralismo ou barbárie?
Numa revolução
Um anjo tem tesão por mim
Um deus alegre
O fim de um tempo
O todo implode em um momento
Sublime
O amor
Sublime
De frente a um furacão
Maior que o pai da criação
Tão leve
O amor
Tão leve
É o fim?
Não!
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10. |
Segunda Terra
01:03
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11. |
Terceira Terra
07:38
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Terceira Terra
Mba'éichapa!
Eu cheguei de ygaratá
Sigo as raízes dos rios
Ando desbelotado
Pela América do Sul
Contemplo os mares de Jaci
E as curvas de Iara
Que um bando atravessou
Cego da sede dos reis
E de um deus de cavalo
Seus efeitos morais
Soam sobre o Rio Maracanã
Como Tupã-beraba
No meio do toró
Entoando a queda do céu
Na segunda terra,
Invenção de Ñanderu
Nada se move sem atrito
A aldeia usurpada
Na fome do seu chão
Saiba que não passarão
Seus patrões, cacicados
Barões da plantação
Da nossa armada sem navios
E do deus que é neblina
Que se inala pra sonhar
Bruma de Jakhairá
E os profetas selvagens
Nas ruas a bradar
Música das nossas utopias
Mas há de vir um canto
Pelos ventos do devir
Ocaso de Karay
Rimado nas pedras
Do caminho de Sumé
Rastro de Tapé Porã
Num dia estrelado
Falado em Nheengatu
Rasgando o ar como um blues
Desdobrado em si mesmo
E em cada um de nós
Que sonham mundos descabidos
No poder da palavra
Ser aquilo que se é
Rumo à morada sem mal
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Balaclava Records Sao Paulo, Brazil
Selo musical e produtora cultural de São Paulo, Brasil.
Record label and booking agency --> São Paulo, Brazil.
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