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Tarde

by Gabriel Ventura

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1.
O Teste 03:13
Quero testar a sorte e encarar a morte de tudo o que eu já fiz O fracasso não me amedronta Tenho uma tonelada de remorço em mim e vou me derramar aqui, vem ver Venha ver o que me empurra e me pele se estica num sorriso Vem o grito, tenho motivos pra cantar Mas certo de que vou me arrepender eu falo pouco, guardo palavras pelos cantos Quero ser o meu próprio cortejo, meu coral da felicidade Sonhei que desabava e ejaculava o que nos trava Me fiz palavra e quis sair Sou o peso e o juiz na balança que me mede E o que me impede é raso, fragil.
2.
Vejo minhas unhas crescendo E sinto o meu corpo envergar Eu visto idas e vindas Mas pra quem? Se eu só te quero Juro se eu tentasse eu seria, os outros que ja vi passar E assim a calma deles eu teria Pra te ter e te ter, te ter Mergulho bem fundo em mim, e acordo aqui Procuro seu cheiro em tudo Eu vejo detalhes implacáveis, invisíveis Em mim o que arde, te chama Meu medo é não te achar Mas sinto em meus braços teu peso Há um grito em mim, e é o seu nome E em tudo que eu como, tem o seu suor Nas paredes guardo beijos onde me consolo e me distraio Faz parte dar a mão pro tempo e ir te buscar
3.
Privação 04:14
Tive saudade sim Senti que tudo me escapava entre os dedos E fui conter um rio com as mãos sofri sozinho sim E ninguém entrava na minha casa não atendia a porta, carta ….ou telefone proibi a mim e a todo mundo de falar teu nome reprimi a mim e todo mundo por lembrar teu nome sim, eu quis desistir e de vc só conhecer historias Mas lembro de te tocar...cordas de renda Papeis se acumulavam pelo chão, ideias que eu tinha todo dia pra esquecer o eu ja sei E forjei tantos planos senti abraços que não conhecia tão frios braços que eu me afastei dali Eu corri por meses meus pés nunca tocaram o chão O ego as vezes trai e aqui eu me desfaço de todos os ônus e bônus Aqui me reencontro Me dispo e danço
4.
Infância 05:28
Penso em você amigo Não podemos caçar todas as sombras da rua Em cada canto tem um pouco de você no Primeiro dia da escola Eu sei dói ver o que era forte devagar adoecer E se desbotar aos poucos Lembra que seus olhos vermelhos de choro Caídos de sono, podem ceder E que o seu sentimento é moeda no jogo, é Carinha pra um tolo Se goste Vai ver o amor é a faca o corte e a mão que te costura E a gente as vezes tenta, mas entrega, e tudo bem Memorias são presentes Términos necessários Eu sei, que havia um plano imenso pra depois E o que há de mais lindo em se surpreender Ver desfazer os nós Se goste Que as perdas também são cura Lembra o que foi bom se esquece primeiro E se esquecer vale a pena, pode ceder Lava esse chão de carinhos contidos Não leva nada contigo E vá embora
5.
Ficar longe dela um dia ja basta, que saudade logo estala. Feito palha no fogo E quando volto o peito aperta só de olhar para a janela, lembro que ela quem me espera Que saudade E antes que eu possa te confundir, aqui desabo e me deixo ruir Quebro coisas sim, e bem aqui dentro de mim Eu movo coisas, eu abro espaço pra te surpreender Mostrar que enfim eu entendi, que faço chorar tanto quanto eu faço rir Sonhar sozinho é desistir Que saudade
6.
Sabe eu acho que nada é tão definitivo assim E o que há entre nós muda, tudo é passageiro O que move você também se mexe em mim E hoje eu sonhei contigo e foi tão bom que me fez lembrar do toque e quase sentir o cheiro Eu te ensino a querer Deixa eu te insinuar Eu quero um abraço seu Me corta com a língua Na mão o que chamei de meu, me mostra, me ensina E a margem do que secou me encanto e te chamo Me molda do que restou Que eu te ensino a querer Deixa eu te insinuar
7.
Daqui de baixo eu tenho certeza de que tudo toca o chão e que afinal todo peso é quase insustentável somos todos feito de vidro pra quebrar vamos até onde as canções não curam mais cortar as mãos varrendo os cacos meu plano era me jogar, pedir pro ar me amparar mas onde eu errei? é mais fácil pra mim não ver eu era um papel na mão do vento e flutuei e quando sentia que caía, minha agarrei aquela mão como a pele abraça o corte é sobre se tornar o seu maior medo expor o rombo atras da porta ouvir o grito de alerta só a saudade é pra se guardar
8.
O Arquiteto 03:13
Quis sentir dor sem se cortar Os sonhos do mundo são seus E de pintar janelas Tudo estava a um olhar de distância Um arquiteto preso ao chão constrói suas asas de sabão e quer voar Mas sabe a bolha explodiria Triste botou fogo no lugar E um canhão sem balas preparou Foi escudo e espada Mas nunca lutou Um homem sóbrio no portão Não teme mas de encontro ao chão Ele quer gritar Não tem a força que queria Tudo o que eu sonhei ser são contos num jornal No fim da pagina Será que eu posso reescrever o fim? Tudo o que eu sonhei ser são contos num jornal E o fim da página, será que eu posso reescrever?
9.
Vontade 03:58
Tenho um desejo de durar que me acorda todo dia Eu sei vc também Românticos demais Me persegue a vontade de aproveitar mais as coisas E vida que afunila a cada instante E me imagino uma louça na ponta da mesa pronta pra cair Mas vou voar por um segundo E quando o chão vier me encontrar Não é o fim, em mil pedaços eu vou me tornar O tempo Quero ser a mão que empurra o teu choro goela abaixo Um muro é um pulo pra quem tem asas E faço dos degraus a sola dos meus pés O que me queima a língua é a palavra “Pare” Mas reacende em mim o desejo de nunca acostumar E como uma fronteira que muda de lugar Eu solto a mão do arrependimento

credits

released March 24, 2022

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Balaclava Records Sao Paulo, Brazil

Selo musical e produtora cultural de São Paulo, Brasil.

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